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Afinal, os traumas da infância influenciam na vida adulta?

É unanime entre as diferentes linhas de estudo da Psicologia, bem como de outras ciências como a Pedagogia e a Psiquiatria, o entendimento de que o período de vida que compreende a infância é determinante na vida do indivíduo, interferindo na criação da sua personalidade, bem como no desenvolvimento de valores pessoais e até traumas. Podemos dizer que o que somos hoje é, em parte, reflexo das experiências que tivemos nos primeiros anos de vida.

Dependendo do conjunto de experiências e aprendizados que uma criança é exposta, ela terá maior ou menor capacidade de se desenvolver, tanto do ponto de vista emocional como cognitivo, o que por usa vez desencadeia comportamentos e sentimentos associados a essas vivências. Experiências traumáticas, por exemplo, podem deixar feridas emocionais que interferirão ao longo da vida da pessoa, fazendo-a reagir às situações contaminada por essa memória dolorosa.

O trauma costuma ocorrer devido a uma incapacidade do sujeito de superar determinado acontecimento na sua vida, sendo a carga emocional mais intensa do que o indivíduo estava pronto para suportar. E essas feridas emocionais podem se estender até a vida adulta, dependendo da sua intensidade e de quanto a pessoa conseguiu elaborar a situação.

Por outro lado, experiências positivas também interferem na forma como vemos e lidamos com o mundo. Não é apenas fisicamente que precisamos nos nutrir durante a infância para que nos desenvolvamos bem, mas também afetivamente. Os pais, ou cuidadores, costumam ser as primeiras pessoas com quem a criança cria vínculos fortes, e a qualidade dessas relações serão determinantes no desenvolvimento do indivíduo, visto que a criança se espelha (repete) aquilo que vivencia.

A capacidade de ser independente, por exemplo, começa a ser construída na infância e resulta da autonomia/credibilidade que os pais dão ao filho, o quanto o incentivam e não superprotegem. Quando a criança não é estimulada a acreditar em si mesma, pode-se criar um padrão de insegurança e baixa autoestima, que tende a ser recorrente até que a pessoa se trabalhe e dê um novo significado para aquele sentimento.

Uma criança que teve vínculos saudáveis de relacionamentos, provavelmente terá melhor capacidade de se relacionar quando adulta. Isso porque tendemos a repetir padrões com os quais já estamos acostumados. Pois como carregamos os reflexos do que aconteceu ao longo do nosso desenvolvimento, é esperado que estes influenciem a forma como a pessoa se comporta. É necessário reconhecer o impacto do que vivemos e também identificar as origens de certos padrões, a fim de que possamos ampliar nossa consciência sobre o tema e então poder transformá-lo.

Tags: Família, Autoconhecimento