Quais as principais características da depressão e como ela se desenvolve?
O desenvolvimento de um Transtorno Depressivo costuma se dar pela combinação de fatores genéticos, biológicos e ambientais. É comprovado cientificamente que pacientes depressivos sofrem de alteração no funcionamento químico cerebral, pois há uma resposta orgânica ao desequilíbrio psicológico. A predisposição genética, assim como fatores ambientais, tais como o estresse, traumas, e a perda de um ente querido, são fatores de risco para o desenvolvimento da depressão. Disfunções hormonais e o uso de substâncias químicas também podem desencadear o aparecimento da doença.
É importante, porém, diferenciar tristeza e depressão. Todas as pessoas passam por mementos infelizes em suas vidas, mas isso não significa que desenvolverão depressão. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), atenta para a necessidade de diferenciarmos tristeza e luto, sentimentos esses que enfrentamos em diferentes momentos de vida e que são comuns a todos os seres humanos frente a dadas situações, de um quadro depressivo. Devido aos pontos em comum que estes quadros apresentam, torna-se necessário entender alguns pontos importantes em relação ao indivíduo que apresenta tais sintomas para se fechar um diagnóstico.
O Transtorno Depressivo, segundo o DSM-V, caracteriza-se da seguinte forma: presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo. A pessoa com este quadro sofre de humor oscilante, apresenta falta de energia e baixa autoestima. É recorrente haver perturbações no sono e dificuldade em realizar tarefas diárias. Enquanto o sentimento de tristeza dura algumas horas ou até dias, a depressão, quando não devidamente tratada, pode se estender por meses ou até mesmo anos.
O luto consiste na resposta emocional à uma perda, isto é, quando o indivíduo se depara com a necessidade de lidar com a falta de algo ou alguém que considerava muito, o que acarreta em uma profunda tristeza e/ou frustração. O luto pode ser entendido com um processo de readaptação daquele que sofreu a perda para uma nova realidade, o que desperta diversas emoções (tais como raiva, tristeza, culpa e ansiedade), assim como reações comportamentais (como distúrbios do sono e de apetite e isolamento social) e até alterações cognitivas (confusão, descrença e preocupação).
Enquanto no luto predominam sentimentos de vazio e perda, naturais perante o momento de vida daquele que sofreu a perda, na depressão o humor depressivo é persistente e há dificuldade de se antecipar momentos de alegria ou prazer. Ao passo que o sentimento de tristeza é mais oscilatório no caso do luto, sendo normalmente intensificado por lembranças e pensamentos acerca da perda, na depressão o sentimento é mais persistente e as respostas a manifestações de ajuda é menor. Outra diferença diante destes dois quadros está na autoimagem daquele que sofre: enquanto no a autoestima costuma ser mantida, na depressão os sentimentos de inutilidade e autodepreciação estão mais presentes.
A boa notícia é que podemos prevenir o aparecimento da depressão ao optarmos por um estilo de vida mais saudável e tranquilo. Trabalhar em excesso inevitavelmente desencadeia sentimentos negativos, como estresse e ansiedade, e estes estão diretamente relacionados ao aparecimento da depressão. Precisamos reconhecer nossos limites, equilibrando as atividades profissionais e pessoais, para não perdermos qualidade de vida e pejudicarmos nossa saúde, tanto física como psicológica.
O exercício físico é outro ponto importante para manutenção da nossa saúde integral e está inteiramente a nosso alcance. Exercitar-se reduz o estresse e libera importante hormônios no corpo, como endorfina e adrenalina, responsáveis por sentimentos de bem-estar e relaxamento. O relacionamento interpessoal também é de grande valia para prevenir estados depressivos, pois o ser humano é um ser relacionável e as conexões sociais, quando positivas, tendem a alegrar e entreter as pessoas.
Outra atitude que auxilia na prevenção de doenças, incluindo a depressão, é a não utilização de drogas, principalmente as ilícitas. A bebida alcoólica, apesar de ser aceita e consumida socialmente, é comprovadamente uma substância tóxica para o organismo e depressora do sistema nervoso central se consumida com frequência e em excesso. As drogas interferem na produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor, por isso devem ser evitadas.
Por fim, devemos nos conscientizar de como nossos pensamentos impactam na nossa vida: aquilo em que acreditamos, os pensamentos que alimentamos dentro de nós, interferem diretamente na forma como nos sentimos e nas nossas atitudes. Ao darmos atenção a determinadas emoções e nos apegarmos a dados sentimentos, possibilitamos que estes cresçam dentro de nós. E isso funciona tanto para aquilo que é positivo, como para o que nos faz mal. Por isso a importância de adquirimos uma postura positiva em relação à vida, e não nutrirmos sentimentos ruins e pensamentos negativos, pois tudo que alimentamos dentro de nós, se desenvolverá. Um dos sentimentos mais poderosos contra a depressão é o sentimento de gratidão perante a vida, onde agradecemos por estarmos vivos e vemos as experiências que passamos, sejam elas boas ou ruins, como oportunidades de crescimento e evolução.
